A Ordem dos Advogados do Brasil de São Paulo (OAB-SP) promove uma oficina superintensiva focada na aplicação prática da inteligência artificial no campo jurídico. Saiba como essa tecnologia está moldando a advocacia e as oportunidades de aprimoramento para profissionais do direito neste evento essencial.
A revolução digital não é um fenômeno distante ou restrito a setores de tecnologia. Ela já bate à porta de profissões tradicionais, e a advocacia sente seus impactos de maneira crescente. Em um mundo onde dados se multiplicam e a necessidade por eficiência e precisão se torna imperativa, ferramentas baseadas em inteligência artificial deixam de ser curiosidades para se tornarem aliados potenciais, redefinindo práticas e abrindo novos horizontes. Mas, como navegar por essa transformação complexa? Como os profissionais do direito podem não apenas entender, mas aplicar efetivamente essas inovações em seu cotidiano, mantendo-se relevantes e éticos? A resposta passa necessariamente pelo conhecimento e pela capacitação, e iniciativas que promovem esse aprendizado são vitais para a adaptação a esta nova era.
A inteligência artificial, com sua capacidade de processar grandes volumes de dados, identificar padrões e automatizar tarefas repetitivas, está gradualmente se tornando uma força transformadora em diversas áreas, e o universo jurídico não é exceção. Longe de substituir o raciocínio humano, a IA surge como uma ferramenta poderosa para auxiliar advogados em pesquisas, análises de documentos, previsões de resultados e até na gestão de escritórios. No entanto, a adoção dessa tecnologia jurídica exige mais do que apenas a instalação de um software; demanda compreensão profunda de seu funcionamento, suas limitações, seus desafios éticos e, crucialmente, as habilidades necessárias para integrá-la de forma estratégica e segura à prática diária.
É nesse contexto de mudança e busca por conhecimento que a Ordem dos Advogados do Brasil, Seção São Paulo (OAB-SP), demonstra proatividade ao promover eventos de capacitação focados nas inovações tecnológicas. Reconhecendo a importância de preparar seus membros para os desafios e oportunidades do século XXI, a entidade tem investido em iniciativas que colocam a tecnologia jurídica em destaque. A realização de oficinas e palestras sobre temas emergentes, como a inteligência artificial e a proteção de dados, reflete o compromisso da OAB-SP em oferecer recursos para que a advocacia paulista se mantenha na vanguarda, adaptada às exigências do mercado e atenta às responsabilidades inerentes ao uso dessas ferramentas avançadas.
Aprofundando o Conhecimento: O Papel da OAB-SP na Vanguarda da Tecnologia Jurídica
A OAB-SP, por meio de suas comissões temáticas, tem desempenhado um papel fundamental na promoção do debate e da disseminação do conhecimento sobre temas contemporâneos que impactam diretamente a prática jurídica. As Comissões de Empreendedorismo Legal e de Privacidade, Proteção de Dados e Inteligência Artificial da entidade, em uma colaboração estratégica, organizaram uma “Oficina Superintensiva de IA na Advocacia”. O evento, agendado para o dia 4 de julho, a partir das 9 horas, na sede da Ordem, localizada na Rua Maria Paula, 35, foi pensado para oferecer uma imersão prática e teórica sobre o uso da inteligência artificial e outras tecnologias relacionadas no cotidiano dos escritórios e departamentos jurídicos.
A escolha de um formato superintensivo reflete a urgência e a profundidade com que o tema da inteligência artificial precisa ser abordado. Não se trata apenas de apresentar conceitos, mas de demonstrar aplicações reais e discutir as melhores práticas para implementação e uso seguro e eficaz. O evento reúne um time de sete palestrantes, todos com notório saber em suas respectivas áreas, que vão compartilhar suas experiências e visões sobre como a tecnologia está reconfigurando o exercício da advocacia e como os profissionais podem se beneficiar dessas transformações, ao mesmo tempo em que lidam com os desafios, como a crucial questão da proteção de dados.
A programação da oficina foi cuidadosamente estruturada para cobrir diferentes frentes da aplicação da inteligência artificial e de outras tecnologias jurídicas. A sessão de abertura, marcada para as 9 horas, contou com a participação de importantes representantes da OAB-SP, destacando a relevância institucional do evento. Estiveram presentes Fernanda Matias Ramos, Conselheira Secional e Presidente da Comissão de Empreendedorismo Legal da OAB SP; Cláudia Neves, Vice-Presidente da Comissão de Empreendedorismo Legal da OAB SP; Thais Kanazawa, Secretária-Geral da Comissão de Empreendedorismo Legal da OAB SP; Ana Cristóvão, Secretária-Adjunta da Comissão de Empreendedorismo Legal da OAB SP; e Henrique Cortez Silva, Secretário-Adjunto da Comissão de Empreendedorismo Legal da OAB SP. A presença dessas lideranças sublinha o compromisso da Ordem com a atualização profissional de seus membros.
Explorando as Aplicações Práticas da IA no Direito
A grade de palestras da oficina foi elaborada para abordar desde conceitos fundamentais até aplicações mais avançadas e emergentes da inteligência artificial e da tecnologia jurídica. A primeira exposição, fundamental para balizar o entendimento dos participantes, foi ministrada por Solano de Camargo. Presidente da Comissão de Privacidade, Proteção de Dados e Inteligência Artificial da OAB-SP, Professor de Direito Internacional da Faculdade de Direito da USP, Pós-doutor pela Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra e autor do livro “Manual de Engenharia de Prompts”, Camargo é uma referência no tema. Sua palestra, intitulada “IA no Direito – Os 5 Passos para o Sucesso”, ofereceu um panorama estratégico sobre como advogados podem iniciar ou aprimorar sua jornada no uso da inteligência artificial, delineando um caminho prático para a incorporação dessa tecnologia de forma eficiente e ética.
A programação da tarde, a partir das 14 horas, mergulhou em temas mais específicos e técnicos, demonstrando a amplitude de aplicação da inteligência artificial e tecnologias correlatas na advocacia. Getlaine Alves, advogada com especialização em Direito Civil, Consumidor, Imobiliário, Governança Corporativa e Compliance, abordou a “Programação no Code/ Low Code”. Este tema é de grande relevância para a advocacia, pois a programação low code para advogados permite a criação de soluções tecnológicas customizadas sem a necessidade de profundo conhecimento em programação tradicional, democratizando o acesso à automação de tarefas e ao desenvolvimento de ferramentas internas para escritórios.
O uso da inteligência artificial no contencioso foi o tema da palestra de Fernando Torre, Mestre em Direito Político e Econômico pelo Mackenzie. A aplicação de IA em litígios envolve desde a análise preditiva sobre o desfecho de casos até a organização e análise de grandes volumes de documentos e provas, otimizando o tempo e a estratégia dos advogados que atuam nessa área. A tecnologia jurídica aplicada ao contencioso é um campo em rápida expansão, com potencial para transformar a forma como os litígios são conduzidos.
O Direito Imobiliário, uma área vasta e complexa, também tem sido impactado pela inteligência artificial. Daniele Gobi, Pós-graduada em Direito Contratual e Corporativo pelo Mackenzie, discutiu as “Novas Tendências da IA no Direito Imobiliário”. A IA pode auxiliar na análise de contratos de locação e compra e venda, na identificação de riscos em transações imobiliárias, na gestão de propriedades e até na análise de viabilidade de empreendimentos, tornando os processos mais ágeis e seguros para advogados e clientes.
A palestra sobre “Copilot Aplicado”, com Danielle Ciré, também Pós-graduada em Direito Contratual e Corporativo pelo Mackenzie, focou em uma ferramenta específica que demonstra o poder da inteligência artificial como assistente pessoal. O Copilot, em suas diversas versões, utiliza IA para auxiliar na escrita de textos, na geração de códigos (no caso de programação low code para advogados), na criação de apresentações e em diversas outras tarefas, liberando o advogado para focar em atividades de maior valor estratégico e intelectual.
A “Automação na Advocacia” foi o tema abordado por Bruno Shirakawa. Pós-graduado pela FGV, com atuação em Direito Digital e Desenvolvimento de Soluções Jurídicas com IA, Programação e Automação, Shirakawa discutiu como a inteligência artificial e outras ferramentas tecnológicas podem automatizar rotinas administrativas e jurídicas, desde o peticionamento eletrônico até a gestão de prazos e a triagem de documentos. A automação é um passo crucial para aumentar a eficiência e a produtividade dos escritórios de advocacia.
Por fim, Fabio Rivelli apresentou um tema na fronteira da inteligência artificial aplicada ao Direito: “Rag e Docking – A nova Fronteira da IA no Direito”. Advogado, Mestre em Direito pela PUC-SP, Professor e com MBA pelo Insper, Rivelli explorou técnicas avançadas como Retrieval Augmented Generation (RAG) e docking, que permitem que modelos de IA acessem e utilizem informações de bases de dados privadas e específicas de um escritório ou cliente para gerar respostas mais precisas e contextualmente relevantes. Esta aplicação da tecnologia jurídica abre possibilidades significativas para a criação de sistemas de conhecimento interno e para a melhoria da qualidade da consultoria jurídica.
Impacto e Implicações da IA na Prática Jurídica
A adoção crescente da inteligência artificial na advocacia não se limita a ganhos de eficiência e produtividade. Ela levanta questões profundas sobre a ética profissional, a segurança da informação e a própria natureza do trabalho jurídico. A proteção de dados, por exemplo, torna-se uma preocupação central quando sistemas de IA lidam com informações confidenciais de clientes. Garantir a conformidade com a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) e outras regulamentações é essencial para manter a confiança e a integridade da relação advogado-cliente. Os advogados precisam estar cientes de como os dados são coletados, armazenados, processados e utilizados pelas ferramentas de IA que empregam.
Além disso, o uso de inteligência artificial na advocacia suscita debates sobre a responsabilidade por decisões tomadas com o auxílio dessas ferramentas, a possibilidade de viés algorítmico e a necessidade de transparência sobre o uso de sistemas automatizados em processos judiciais ou consultorias. A capacidade de questionar e validar os resultados gerados pela IA é uma habilidade que o advogado do futuro precisará dominar. A tecnologia jurídica, nesse sentido, não elimina a necessidade do julgamento humano, mas o complementa, exigindo um novo conjunto de competências.
A Relevância da Proteção de Dados na Era da IA
A interseção entre inteligência artificial e proteção de dados é um dos temas mais críticos e complexos no cenário jurídico atual. Enquanto a IA se alimenta de dados para aprender e executar tarefas, a legislação de proteção de dados, como a LGPD no Brasil e o GDPR na Europa, impõe rigorosas regras sobre a coleta, o tratamento e o compartilhamento dessas informações. Para advogados que utilizam ou pretendem utilizar ferramentas de IA, compreender as implicações da proteção de dados é mais do que uma questão de conformidade legal; é um pilar para a construção de uma prática ética e segura.
A oficina da OAB-SP, ao incluir a proteção de dados como um dos temas centrais, reconhece essa interconexão vital. Os palestrantes abordaram como garantir que o uso de IA em pesquisas jurídicas, análise de contratos ou automação de tarefas esteja em total conformidade com as normativas de privacidade. Isso envolve desde a anonimização ou pseudonimização de dados até a obtenção de consentimento adequado e a implementação de medidas de segurança robustas para prevenir vazamentos ou acessos não autorizados. A tecnologia jurídica deve caminhar lado a lado com a segurança e a privacidade dos dados.
Desafios e Oportunidades da Programação Low Code para Advogados
A ideia de advogados se aventurando no mundo da programação pode parecer estranha para alguns, mas a ascensão de plataformas de programação low code para advogados muda essa perspectiva. Essas ferramentas, que utilizam interfaces visuais e pré-configuradas, permitem que profissionais do direito criem aplicativos simples, automatizem fluxos de trabalho e personalizem softwares sem a necessidade de escrever linhas de código complexas. Isso abre um leque de oportunidades para aumentar a eficiência interna dos escritórios, desenvolver soluções inovadoras para clientes e até criar novos modelos de negócio na advocacia.
No entanto, a adoção da programação low code para advogados também apresenta desafios. É preciso investir em capacitação para que os profissionais aprendam a utilizar essas plataformas de forma eficaz. Além disso, é fundamental garantir que as soluções criadas por meio de low code atendam aos requisitos de segurança e proteção de dados. A oficina da OAB-SP abordou este tema justamente para capacitar os advogados a explorar essa oportunidade, ao mesmo tempo em que gerenciam os riscos associados.
Um Olhar para o Futuro da Advocacia
A oficina promovida pela OAB-SP é um indicativo claro de que o futuro da advocacia estará cada vez mais ligado à inteligência artificial e à tecnologia jurídica. Profissionais que se recusarem a aprender e a se adaptar a essas novas ferramentas correm o risco de ficar para trás em um mercado em constante evolução. A capacidade de utilizar a IA para otimizar processos, oferecer serviços mais eficientes e personalizados e lidar com as questões éticas e de proteção de dados associadas será um diferencial competitivo importante.
A inteligência artificial não é apenas uma tendência passageira; é uma transformação estrutural que exige que a advocacia repense suas práticas e modelos de negócio. Eventos como o organizado pela OAB-SP desempenham um papel crucial nesse processo de adaptação, oferecendo o conhecimento e as ferramentas necessárias para que os advogados possam navegar com sucesso nesta nova era da tecnologia jurídica.
Conclusão
A jornada da advocacia na era digital está apenas começando. A inteligência artificial e outras tecnologias jurídicas representam um divisor de águas, apresentando tanto desafios quanto oportunidades sem precedentes. A oficina superintensiva promovida pela OAB-SP é um exemplo louvável de como as entidades de classe podem e devem atuar na vanguarda da capacitação profissional, preparando seus membros para as transformações impostas pela inovação tecnológica. Ao abordar temas como a aplicação da IA em diversas áreas do direito, a programação low code para advogados, a automação e a fundamental proteção de dados, o evento oferece um panorama abrangente e prático do que a advocacia precisa dominar hoje para prosperar amanhã. Investir em conhecimento e adaptação é o caminho para garantir que a profissão continue relevante e eficaz na prestação de serviços jurídicos de alta qualidade em um mundo cada vez mais digitalizado.
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Pontos Principais
- OAB-SP promove oficina superintensiva sobre inteligência artificial na advocacia.
- Evento aborda aplicações práticas da IA em diversas áreas do direito.
- Temas como programação low code para advogados, automação e proteção de dados são destacados.
- Palestrantes renomados compartilham conhecimento e experiências.
- Adoção da tecnologia jurídica exige conhecimento técnico, ético e legal (como proteção de dados).
- Capacitação profissional é fundamental para a advocacia na era digital.
A referência original que inspirou este notícia pode ser encontrada em https://www.conjur.com.br/2025-jul-02/oab-sp-promove-oficina-superintensiva-de-ia-na-advocacia/, e foi produzida com o apoio de inteligência artificial.